Na década de 70, a FIA (Fundação para a Infância e Adolescência) tinha o nome de FEEM (Fundação Estadual de Educação do Menor) e seu trabalho era referência em todo País, assim como para outros países da América Latina. Tinha um staff com pessoal muito habilitado, pois sempre estavam fazendo treinamentos, participando de congressos, reuniões ampliadas a fim de aperfeiçoar os trabalhos. Nessa época a Instituição operacionalizava com três triagens e vários internatos (hoje chamados de abrigos) próprios e conveniadas para ambos os sexos.
Os casos do 2º ofício (ato infracional) masculino eram encaminhados para a FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor), enquanto as meninas eram encaminhadas para a Escola Santos Dumont, que a FEEM mantinha na Ilha do Governador. A Instituição atendia a um número imenso de crianças, adolescentes e famílias, pois contava com recursos humanos altamente qualificados com um número satisfatório para operacionalização. Após o estudo de caso feito pela Equipe Técnica da triagem, as crianças e adolescentes eram encaminhados para os internatos próprios e ou conveniadas para prosseguimento na educação formal e profissionalizante ou, então, reintegrados à família.
Geralmente, a família recorria aos juizados para a internação, principalmente devido ao baixo poder aquisitivo para o sustento e educação dos filhos. Com a promulgação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), essa figura parental, antes sem condição, passa a ser responsável de maneira repentina. Daí o Estado se retrai jogando no outro toda a responsabilidade; diluindo-se, assim, na sociedade.
O Rio de Janeiro passa a ser a única unidade federativa no Brasil a ter duas instituições estaduais para atendimento a crianças e adolescentes de 1º e 2º ofício, pois os outros Estados permanecem com o atendimento a infratores e não infratores nos mesmos locais, separando-os de acordo com o ato infracional. O artigo 4º do ECA explicita que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes a vida, a saúde, a educação, ao esporte, etc.
Note-se que o poder público ficou sempre em último lugar. Por isso os governantes passaram a não priorizar as políticas públicas de atendimento a crianças, adolescentes e famílias, gravando a situação com o passar dos anos e nem os deputados cobraram essa política. Esse segmento da sociedade não encontra eco para suas necessidades, que são negligenciadas pelos governantes. Desta forma, são empurrados para a marginalização que os recebe de braços abertos, o que colabora para o aumento crescente da criminalidade.
Desse modo, sem investimento, sem concurso para repor servidores, sem manutenção das casas e finalmente com o sucateamento da FIA e pela crescente desvalorização dos serviços executados pela Fundação, nos últimos governos foi uma total desgraça para a população atendida pela Instituição, pois, além dos roubos do dinheiro público, esse segmento da sociedade passou a sofrer como nunca diante de tantos desmandos.
Queremos reordenar e otimizar os trabalhos da FIA a fim de que a mesma retorne à trajetória de ascensão e não queda como foi promovida pelos governantes. Devemos semear e colher bons frutos do trabalho na sociedade a fim de que tenhamos uma Infância SAGRADA ao invés de SANGRADA como vem ocorrendo.
No Governo atual a FIA ficou sob intervenção e foram colocadas algumas pessoas que nem sequer deram retorno sob a conclusão dos “trabalhos” feitos por eles. Com a ex-secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Fabiana Bentes, tivemos programas estagnados. A ex-secretária arvorou-se em trazer a Secretaria para o prédio da FIA em Botafogo e para tal destruiu, literalmente, as instalações e móveis da FIA. Uma pessoa sem nenhuma visão e conhecimento da área, prepotente, arrogante, e por todo mal que prestou a Instituição deve responder por isso e ser penalizada. Ela tornou difícil e até mesmo impossível o Estado deslanchar e prosseguir na ampliação do atendimento a crianças, adolescente e suas famílias, e com isso, a sociedade acaba pagando a conta, e muito caro, pela falta de investimento nesta área, deixando a população refém da criminalidade.