A expansão e descentralização dos serviços prestados pela FIA (Fundação para a Infância e Adolescência) começou a ser concretizado, nesta quinta-feira (20/08), com a inauguração do NACA (Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente) e do Programa SOS Criança Desaparecida, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A cerimônia contou com a presença do governador Wilson Witzel, que conheceu as salas onde funcionarão as duas estruturas da FIA. O Núcleo atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. O NACA visa interromper casos de violência física, psicológica, negligência, abandono e abuso sexual no âmbito familiar. O objetivo do programa é possibilitar um ambiente adequado para o desenvolvimento dessas vítimas.
O governador Wilson Witzel também prometeu visitar a sede da FIA dentro de 30 dias. Segundo ele, a intenção é conhecer melhor a Fundação e realizar uma reunião de trabalho para viabilizar mais ações como esta no Rio de Janeiro:
— Vamos marcar o dia. Estarei lá na FIA tomando café com vocês pra gente fazer uma reunião de trabalho porque várias cabeças pensando juntos é melhor do que duas, três. Acredito que esse seja o momento para trabalharmos isso — discursou Witzel, que também disse pretender reforçar o quadro de pessoal da FIA, dentro das limitações orçamentárias do governo. Ele chegou a citar o trabalho de voluntários, que podem se somar ao time de servidores da Fundação.
A presidente da FIA Ana Mantuano reforçou a importância do trabalho do quadro de pessoal, que hoje está em torno de 230 servidores entre efetivos e contratados. Ela destacou o esforço de todos e garantiu que a quantidade é importante, embora hoje deficitário, mas o que prevalece é a qualidade de quem trabalha na FIA.
Mantuano fez questão de ressaltar o trabalho da ASFIA, citando a presença da presidente Eunice Gomes, e lembrando que a Associação lidera um movimento de valorização dos servidores da Fundação.
A secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Cristiane Lamarão, trouxe números de uma pesquisa do Ministério da Saúde para fundamentar a importância de investimento na área de proteção e garantias da criança e do adolescente. Segundo o levantamento, entre 2011 e 2017, houve um aumento de 83% das notificações de violência sexuais contra crianças e adolescentes. Foram 184.524 casos de violência sexual, 31,5% contra crianças, sendo a maioria dos casos ocorridos dentro de casa e os agressores sendo pessoas do convívio da vítima.
Já o SOS Criança Desaparecida foi criado em 1996 e ajuda a localizar crianças e adolescentes desaparecidos. Funcionava apenas na sede da FIA, em Botafogo, zona sul, e agora terá uma unidade para atendimento em Nova Iguaçu.
Luciene Torres e Neli Andrade, representantes do Movimento Mães Virtuosas do Brasil, destacaram a importância do NACA e do SOS na Baixada Fluminense. Neli é mãe de uma criança localizada, mas conta que passar por uma situação dramática resulta em solidariedade e a maioria abraça a causa.
Luciana Torres da Silva desapareceu em Nova Iguaçu em 2009. Ela tinha nove anos de idade e ainda não foi encontrada. A mãe, Luciene, é a presidente do movimento e falou o quanto representa uma unidade do SOS na Baixada:
— Essa reinauguração é uma luta antiga. A maioria dos desaparecimentos acontecem aqui, na Baixada. É bom saber que o governo está olhando para essa região — disse Luciene.
O SOS Criança Desaparecida já registrou 3.719 desaparecimentos e resolveu mais de 84% (3.142) dos casos.