As quedas de idosos em casa são um problema de saúde pública crescente no Brasil, com consequências devastadoras para a qualidade de vida e a saúde das pessoas afetadas. Segundo dados mais recentes da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), aproximadamente 30% dos idosos brasileiros sofrem pelo menos uma queda por ano, e dessas quedas, 10% resultam em fraturas ou lesões graves. Os associados da ASFIA estão nessa faixa etária e se enquadram no aumento da população idosa no país. O envelhecimento da sociedade são fatores que agravam o cenário, tornando cada vez mais urgente a adoção de medidas preventivas.
O Impacto das Quedas
As quedas não afetam apenas a saúde física do idoso, mas também têm um grande impacto psicológico e social. Muitas vezes, após um episódio de queda, o idoso passa a desenvolver medo de cair novamente, o que pode levar à redução da mobilidade, isolamento social e até à depressão. As fraturas, principalmente de fêmur, quadril e punho, são as mais comuns, e o tempo de recuperação pode ser longo e, em muitos casos, nunca mais o idoso retoma totalmente suas atividades anteriores.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem cerca de 37 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, e essa faixa etária deve crescer 23,5% até 2030. Isso significa que o número de acidentes com quedas, como um reflexo desse envelhecimento, tende a aumentar, o que torna os cuidados com a segurança domiciliar ainda mais urgentes.
Principais Causas das Quedas
Diversos fatores contribuem para as quedas de idosos em casa, sendo os mais comuns:
– Problemas de visão: Catarata, glaucoma e outros problemas oculares dificultam a percepção de obstáculos no ambiente.
– Enfraquecimento muscular e ósseo: A perda de massa muscular e a diminuição da densidade óssea aumentam a fragilidade do corpo.
– Uso de medicamentos: Alguns medicamentos usados para tratar doenças crônicas podem causar tonturas, fraqueza ou sonolência.
– Desorganização do ambiente doméstico: A presença de móveis mal posicionados, tapetes soltos, fios espalhados pelo chão e pisos escorregadios são riscos evidentes.
– Doenças neurológicas e problemas de equilíbrio: AVC (Acidente vascular cerebral), Parkinson e outras condições comprometem a coordenação e o equilíbrio.
Medidas Preventivas no Lar
Para reduzir o risco de quedas em casa, especialistas recomendam uma série de adaptações simples, porém eficazes:
1. Iluminação Adequada: Garanta que todos os ambientes da casa estejam bem iluminados, especialmente corredores e escadas, para evitar tropeços.
2. Eliminação de Obstáculos: Retire tapetes soltos, fios e móveis mal posicionados. Mantenha as áreas de circulação livres para evitar quedas.
3. Uso de Barras de Apoio: Instalar barras de apoio no banheiro, próximo ao vaso sanitário e no box do chuveiro, ajuda o idoso a se manter equilibrado.
4. Pisos Antiderrapantes: No banheiro e na cozinha, é essencial utilizar pisos antiderrapantes para evitar deslizamentos.
5. Exercícios Físicos: A prática regular de atividades físicas, como caminhada, pilates e alongamentos, é fundamental para manter a força muscular e a coordenação.
6. Revisão Médica: Consultar regularmente o médico para revisar os medicamentos e o estado de saúde, especialmente com relação à visão e ao equilíbrio.
A Importância da Conscientização
A prevenção de quedas em idosos é um esforço conjunto entre familiares, profissionais de saúde e a sociedade. Além disso, campanhas de conscientização sobre os riscos e a importância da prevenção são vitais para reduzir o número de acidentes, especialmente em um país onde o envelhecimento populacional é cada vez mais evidente.
A conscientização sobre o problema e a adoção de medidas preventivas podem reduzir significativamente as quedas e suas consequências. Com a combinação de cuidados médicos adequados e ajustes simples no lar, é possível garantir mais segurança e qualidade de vida aos idosos, contribuindo para um envelhecimento mais saudável e independente.
O Papel da Política Pública
A nível institucional, ainda há desafios a serem enfrentados. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece programas de assistência geriátrica e reabilitação, mas a implementação de políticas públicas de prevenção de quedas, como o incentivo à criação de ambientes urbanos mais seguros para os idosos, ainda precisa de mais atenção. Iniciativas de educação e a capacitação de cuidadores também são fundamentais para ampliar a prevenção de quedas em todo o país.
Prevenir quedas é um investimento na saúde e no bem-estar da população idosa brasileira, que, com o apoio da família, da comunidade e das políticas públicas, pode envelhecer de maneira mais segura e com mais qualidade de vida.